Saudade tem...

cheiro, cor, gosto e face.
Às vezes, tem uma cara brava, com olhos vermelhos e jeito de ira. Às vezes, aparece com cara travessa, sapeca, que lhe aperta o peito do nada ou por quase nada. Só porque alguém disse algo que lembra um outro alguém, ou uma música que toca na hora mais inapropriada. Simplesmente, surpreende e dá voltas e apertos no coração e já some. Noutras ocasiões a danada, vem com cara lisa, fingindo ser boazinha e que na melhor das intenções, trás as melhores lembranças... justamente aquelas que você não quer mais lembrar.
Zeca Baleiro diz que "saudade é um filme sem cor, que meu coração quer ver colorido." Pode até ser, mais a SAUDADE tem multiplas personalidades. Em muitas oportunidades lhe acho falsa, sorrateira, fingida mesmo! Aí sinto pena, peso na consciência...será que a pobrezinha tem tanta culpa, assim?Será que sofre de transtorno bipolar... sei lá. Ela me confunde, como fazem os psicopatas... isso digo, sem querer magoa-la, lógico!
A maioria das vezes que ela me visita- e olha que ela, depois de mim, é quem mais frequenta meu apartamento- vem com cheiro de mofo, de guardado... igual o cheiro do meu quarto na casa de minha Mãe. E como quem quer chamar atenção de qualquer forma, vem vestida de cor cítrica e forte, exatamente com a cor das frutas que o Dr. Valdeci me proibiu consumir por conta do refluxo-gastrite que adquiri; não duvido isso também ser coisa dela. Aliás, se bem que a danada não é azeda... é amarga.
Me envergonho de ter exposto os defeitos da minha maior companheira, mas, todos temos defeitos,não é só porque convivemos e até no entendemos bem que vou omitir os defeitinhos dela, né?