Cada um no seu quadrado (?)

A individualização da vida, da carreira e dos sentimentos... tudo isso me perturba muito. Nunca fui amante da solidão. Gosto de GENTE, do cheiro, da voz, do calor e da cor das pessoas. A vida há muito tem me imposto esta condição de só, sozinha. Moro só, desenvolvo minhas atividades remuneradas sozinha, vou para casa assim e para o supermercado também. Durmo e acordo, sinto dúvidas e desabafo e conto os meus segredos também a elas: as paredes. Fiéis escudeiras!

O travesseiro também é uma bom amigo, amante e companheiro! Ele é fantástico, um fofo. Com ele não consigo dividir angústias... ele não deixa! Com ele divido aventuras fugazes e sonhos também assim, mas, sobretudo com ele, divido a tranquilidade de uma consciência limpa.

Por mim eu viveria sempre rodeada de GENTE, viveria em uma comunidade alternativa onde só os valores humanos poderiam prevalecer; onde nós pudéssemos dividir ideias, cerveja e sorrisos quase que diariamente. Pensando bem... bem que a busca pelo bem-estar-realização-sucesso fosse terminantemente dissociada da busca por valores estimáveis em cifras, nera?

Meu dia-a-dia tem sido um mix de ideias, sentimentos que não consigo digerir... às vezes nem engolir. Talvez diante de tudo isso e exatamente por isso, o Pai me tem permitido a solidão como companhia... sem arrogância, nem narcizismo, nem prepotência ou o que o valha, mas, deve ser porque as respostas estejam em mim e a minha opinião e cia seja realmente o que basta.

As pessoas muitas vezes não são humanas e a cada dia esta condição de "não-humanas" as tornem seres imprevisíveis; por isso, cada um concentrado em seu umbigo, com seus problemas,anseios e desejos as tornem menos acessíveis. E assim, cada um no seu quadrado, construímos uma história enúmeras vezes insossa e sem graça.