Quando você era criança o que você queria ser quando crescer? Quantos filhos queria ter? Com quantos anos imaginava que se casaria? Sonhamos e fantasiamos, sobretudo nós, as meninas, com essas respostas. Ou melhor, com o tempo em que essas respostas fossem concretas. Quando eu era criança queria crescer rápido pra não ter que levantar cedo para ir à escola. Nem ter que ter a sagrada ‘semana de prova’. Odiava quando ouvia: “saia daqui menina, isso é conversa de adulto”. Morria de curiosidade em saber que raio de conversas eram essas!
Hoje que sei o conteúdo de várias dessas conversas; depois de formar na profissão que sempre quis; de realizar alguns dos sonhos e de acalentar na fila de espera, uma penca de tantos outros que esperam sua vez e a oportunidade, tenho a sensação que eu devia ter feito mais, ter feito melhor... ter feito diferente. Guardo desde não lembro quando um nó na garganta. Nó que pesa a consciência por tropeços quando na escolha de alguns caminhos, de alguns trajetos e de um tanto assim de atalhos. Em vários desses últimos cheguei tão antes que me perdi nas contas do tempo.
O tempo vive de pregar peças. Não me reconheço no espelho de agora. Perco-me entre projetos e lembrança. Confundo-me entre desejos e conquistas. Parece que a música agitada deu pausa justamente naquele instante em que eu soltava um palavrão e todos me olharam com cara de reprovação. Mais quem nunca soltou um ‘CARALHO’ para expressar dor ou vitória?
Quais projetos idealizados você já realizou? Quais você jogou fora? Quais dos seus melhores amigos de infância ainda convivem com você? Quantas vezes teve de mudar de escola, de cidade, de Estado? Quantas vidas em uma só serão necessárias para escrever um novo fim?